A prefeita eleita de Bauru (SP) Suéllen Rosim (Patriota), após registrar boletim de ocorrência por ofensas racistas, retornou nesta terça-feira (1º) para a delegacia e denunciou uma ameaça de morte recebida por e-mail.
O homem se identifica na mensagem, a ofende de ‘macaca’ e alega que vai comprar uma pistola no Rio de Janeiro para matá-la na casa. A ameaça foi enviada na tarde desta segunda-feira (30) para o e-mail pessoal da prefeita eleita.
Segundo o delegado Eduardo Herrera, a mensagem foi anexada ao primeiro boletim de ocorrência e será investigada pela Polícia Civil como injúria racial, a princípio. Até esta terça-feira (1º), nenhum suspeito havia sido identificado.
Ela já tinha um depoimento marcado na Central de Polícia Judiciária nesta terça-feira (1º), onde chegou acompanhada dos pais e falou por cerca de uma hora e meia. Durante a oitiva, ela aproveitou para denunciar a nova ameaça.
Ao G1, Suéllen disse que não conhece nenhum dos autores dos ataques racistas que ela recebeu e que ela espera que os envolvidos sejam identificados e punidos pela lei.
“É um absurdo a gente ainda ter que ouvir esse tipo de palavra, dessas questões raciais. É inadmissível. Lamento muito. A gente tem tanta coisa pra discutir da cidade, tantos problemas no município e a gente ter que discutir um assunto tão pesado”, afirma Suéllen.
“É uma minoria que ataca, mas precisa ser combatida. Porque eu ainda acredito muito que as mensagens de carinho que eu recebi foram muito maiores. Que a Justiça seja feita para que essa pessoa não faça isso com outras pessoas”, continua a prefeita eleita.
A Federação dos Jornalistas de Língua Portuguesa (FJLP) emitiu uma nota nesta terça-feira (1º) em apoio à prefeita eleita, que é jornalista.
A entidade repudiou “o ataque covarde e imoral desferido pelas redes sociais com foco na questão racial e de gênero” contra Suéllen, reforçou a importância dos profissionais da imprensa para a manutenção da democracia e expressou solidariedade à prefeita eleita.
A FJLP disse ainda que condena “toda e qualquer manifestação de ódio e discriminação racial e de gênero para consigo e seus pares” e requer das autoridades competentes a punição dos infratores.
Outras mensagens com ofensas racistas para Suéllen Rosim foram divulgadas em um grupo de WhatsApp e no Facebook.
O autor diz, em uma delas, o autor diz: “Bauru não merecia ter essa prefeita de cor com cara de favelada comandando nossa cidade. A senzala estará no poder nos próximos quatro anos”.
Em outro trecho das mensagens divulgadas nas redes sociais com conteúdo ofensivo, o agressor diz que “não podemos eleger aquela mulher com cara de favelada para ser nossa prefeita. Essa gentinha irá afundar Bauru”.
O Conselho da Comunidade Negra de Bauru se manifestou sobre o caso e divulgou uma carta de repúdio aos ataques. Informou também que acompanha as investigações. A Central Única das Favelas (Cufa Global), e o Instituto da Mulher Negra Geledés também manifestaram apoio à prefeita eleita.
Será a primeira vez que uma pessoa negra, e uma mulher, vai comandar a Prefeitura de Bauru em 124 anos de história da cidade.
Antes dela, apenas Estela Almagro, que foi eleita vereadora, ocupou o cargo de vice-prefeita nos dois mandatos de Rodrigo Agostinho.